Um pedacinho de terra cercado de água e história

A Ilha de Santa Catarina, onde se encontra a maior parte da cidade de Florianópolis, vai muito além das belezas naturais tão procuradas por quem a visita.

A Ilha já foi uma capitania hereditária e traz na sua arquitetura a herança dos portugueses que por aqui aportaram principalmente entre os séculos XVI e XVIII.

No período da colonização, Igreja e Monarquia andavam juntos e, por isso, portugueses começavam cada povoamento construindo capelas que representavam a união entre Estado e religião e, a partir das quais, o novo assentamento seria instruído nos preceitos da fé e do Governo.

À medida que o povoamento se desenvolvia, sua igreja aumentava de tamanho e recebia uma nova nomenclatura, demonstrando sua hierarquia diante da Coroa.

Uma maneira de voltar ao passado e entender esse processo é fazendo uma caminhada guiada pelo centro histórico e visitar a Catedral Metropolitana, construída entre 1753 e 1773, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, construída entre 1787 e 1830 e a Igreja de São Francisco, construída entre 1803 e 1815.

A catedral de Nossa Senhora do Desterro

O tour inicia em frente à Catedral, sede da arquidiocese de Florianópolis e onde foi fundada a Póvoa de Nossa Senhora do Desterro em 1673, com a construção de uma pequena capela.

Foto: Vista da Catedral de Nossa Senhora do Destero

Do lado de fora, com o uso de fotografias, o visitante pode encontrar as diferenças do antes e do agora, como num jogo dos 7 erros, enquanto a guia discorre sobre a história da fundação.

No interior da igreja, o visitante se depara com uma incrível coleção de arte sacra, que inclui desde a imagem original de Santa Catarina de Alexandria, trazida da Áustria em 1760, até o órgão com mais de mil tubos vindo da Alemanha no início da década de 1920.

No caminho entre os altares, a guia conta detalhes da construção, dos santos e aponta alguns resquícios de pinturas antigas que poderiam passar despercebidos aos mais desatentos, mas que foram propositalmente deixados à vista na última grande restauração finalizada em 2010.

A Igreja de N.S. do Rosário e São Benedito

Na continuação da caminhada, seguindo alguns metros pela rua Tenente Silveira, o visitante se depara com a famosa Escadaria do Rosário, ponto de referência da cidade e que leva até a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, construída por uma das irmandades mais antigas da Ilha. A irmandade do Rosário foi fundada oficialmente pelos africanos escravizados na Ilha de Santa Catarina em 1750 e atendia aos negros e pobres que eram proibidos de frequentar a Catedral. A igreja foi por eles mesmos construída entre 1787 e 1830.

Foto: Vista da Escadaria do Rosário e da Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos

Ao contrário da anterior, a igreja do Rosário surpreende pela simplicidade e ausência de adornos estéticos exagerados, típicos dos templos portugueses, o que condiz com as condições pelas quais foi erguida: lentamente, pelas mãos de escravos que tinham pouco dinheiro e poucas horas do dia para a obra. Sua principal função na época, como comum das irmandades, era ajudar seus seguidores. Todos os anos, um sorteio era realizado para comprar a liberdade de um dos fiéis. Da porta principal, o visitante pode comparar a cena atual a partir da escadaria com a obra “Vista de Desterro” de Victor Meirelles, que mostra a antiga cidade como era em 1847, mais um recurso visual trazido pela guia.

O Ateliê de Maria Gabriela

Para seguir no contexto artístico, cerca de uma hora e meia após o início do tour, o momento é de pausa no ateliê de Maria Gabriela, uma artista local. Com vista privilegiada para a Catedral Metropolitana, ela apresenta o estúdio onde realiza oficinas e pinta em aquarelas todo seu amor pela Ilha. As pinturas divididas em casarios, praias, igrejas e fortalezas, podem ser adquiridas em formato de tela ou nos souvenirs exclusivos criados pela artista. Após o descanso regado a café com bate-papo descontraído, é tempo de continuar a caminhada em direção a última igreja do tour.

Foto: Visita ao ateliê de Maria Gabriela

No caminho, impossível não contemplar o antigo Jardim Oliveira Belo, hoje Praça XV de Novembro, coração do centro e que guarda um dos maiores tesouros da cidade, a Figueira Centenária. A arte de rua também se faz presente durante o percurso com destaque ao mural “Cisne Negro” do artista Rodrigo Rizo, em homenagem ao poeta João da Cruz e Sousa, nos jardins do Palácio Rosado, que oficialmente, leva o nome do escritor.

A Igreja de São Francisco

Seguindo pelo calçadão da Moinhos de Vento, hoje icônica Rua Felipe Schmidt, chega-se à Igreja de São Francisco das Chagas ou Igreja do Galo, com seu estilo de construção eclético, o que significa que passou por inúmeras alterações durante os anos.

A igreja de São Francisco foi erguida pela Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, que chegou a Desterro em 1745. Naquela época, as reuniões da ordem aconteciam na Catedral Metropolitana, até que em 1803 foi lançada sua pedra fundamental no endereço em que se encontra hoje. Tombada como Patrimônio Histórico do Município e do Estado de Santa Catarina, é uma das poucas igrejas do Brasil a conter uma imagem rara de São Francisco aos pés do Cristo Crucificado, originária de sua inauguração em 1815.

Após anos de negligência, a igreja de São Francisco passou por uma grande reforma que restaurou também 45 imagens sacras originais, incluindo a de Santo Antônio de Categeró, que foi trazida por escravos que trabalharam na construção. Hoje, a igreja conta com uma sala onde se podem observar fotos do restauro realizado e alguns resquícios das madeiras utilizadas originalmente.

Foto: Vista da Igreja de São Francisco das Chagas

Aproximadamente 3 horas depois do início, o tour segue para seu final em estilo happy hour no Mercado Público, onde a sugestão da guia para uma experiência tipicamente manezinha é provar um pastel com caldo de cana.

É neste momento que o tour se encerra e o visitante pode optar em caminhar pelas lojas da Ala Sul e Norte do Mercado Público, seguir pelo Largo da Alfândega ou esticar o happy hour, o que sempre é uma ótima ideia em uma cidade como Florianópolis.

Observações importantes sobre o tour:

Por conta do horário de funcionamento e de eventos religiosos fixos, o tour das igrejas históricas deve ser realizado às segundas, quartas ou sextas-feiras e, ainda assim, poderá sofrer alterações devido ao funcionamento dos locais visitados, sem prévio aviso.

Para agendar o tour, entre em contato com a Guia Carol Floripa pelo Whatsapp (48) 98481-5112 e para mais opções, siga a Guia Carol no Instagram @guiacarolfloripa

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